quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Eu morro...

Eu morro sozinha de olhos abertos para a escuridão.
Eu morro sozinha!
Eu morro sozinha, e nunca aprendi a ser sozinha
porque sempre estiveste aqui, ao pé de mim.

Preciso de palavras, das tuas palavras,
e aqui não esqueço as tuas palavras.
Há infinitamente a tua ausência
a tua ausência é, em cada momento a tua ausência.

És tudo,
tudo é agora mais que tudo.

Não penso para onde vais,
porque me lembro que existes longe de mim.

Eu sorri tanto
por ser feliz,
que nesse momento,
MORRO!

Arte Poética

A poesia não tem mais que o som do seu sentido,
a letra "p" é a primeira letra da poesia,
a poesia é esculpida de sentidos e essa é a sua forma,
poesia não se lê poesia, lê-se sorriso estendido em mil palavras,
lê-se ameaça, lê-se morte, lê-se medo, lê-se palavras que não se escrevem,
lê-se silêncio, lugar que não se diz e que significa.
A poesia é escrever sempre e sempre, em segredo,
dentro de todos os que sofrem.
A poesia não é a voz!
A letra "p" não é a primeira letra de poesia.
A poesia é onde se é feliz e onde se morre tanto.
Poesia é quando não se conhece a palavra poesia,
quando não se conhece a palavra "p".
Poesia é levantar olhar do papel e deixar as mãos tocarem-lhe,
quando sem rimas e sem metáforas expressam os seus sentimentos.
A poesia sabe, a poesia conhece-se, mas nunca se chama poesia,
nunca se escreve com "p",a poesia dentro de cada um é a liberdade sentida,
é tudo o que querem aprender e o que querem aprender é tudo,é solidão, é arrependimento,
não é a raiz de uma palavra que julgamos conhecer,
porque só podemos conhecer o que possuímos e não possuímos nada,
não é um estender de muralhas entre os versos e o Mundo,
a poesia não é a palavra poesia.
É um olhar perdido na noite sobre os telhados na hora em que todos dormem,
é a última lembrança, é um pesadelo, uma angústia, esperança.
O poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos, tem sangue,
o poema não se escreve com letras,escreve-se com beijos, momentos, gritos e incertezas,
a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo para não ser escrita,
para não ser entendido, nem se quer por mim própria,
ainda que o seu sentido esteja em todo os lugares onde sou.
O poema sou eu, tu e todos aqueles que quiserem ser,as minhas mãos,
o poema é o meu rosto, que não vejo,e que existe porque me olham,
o poema é o nosso rosto, eu,
eu não sei escrever a palavra poema,eu,
eu só sei escrever o seu sentido.